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Presença ostensiva da PM deixa clima tenso em escola ocupada em protesto contra fechamento

PM isola o prédio em Pinheiros, na zona oeste, impede a entrada do turno da tarde e ameaça avançar contra alunos, que protestaram contra reorganização do ensino público imposta pelo governador

Cerca de 100 estudantes ocupam desde as primeiras horas da manhã de hoje (10) a Escola Estadual Fernão Dias Paes, no bairro de Pinheiros, zona oeste da capital paulista, em protesto contra a reorganização do ensino público imposta pelo governo de Geraldo Alckmin (PSDB) e o fechamento já anunciado de 94 escolas do estado. A Polícia Militar foi chamada e cercou o local com dezenas de viaturas, motocicletas e três bases móveis.

Durante a manhã, estudantes puderam entrar e sair livremente da escola, mas por volta das 12h30 o comando da operação policial decidiu impedir a saída e a entrada de qualquer pessoa e ordenou a retirada dos ocupantes, que por sua vez decidiram permanecer no local. A PM ameaça invadir para desocupar o prédio.

A manifestação recebeu apoio do lado de fora, em sua maioria de jovens que gritam pela desmilitarização da PM, que isolou o local, inclusive encobrindo a entrada da escola com um ônibus. A expectativa é de que o veículo seja usado para retirar os estudantes da região da escola, o que pode provocar novas ações violentas pela polícia.

A aluna Luana Nardi, de 15 anos, disse que os alunos esperavam poder receber os colegas do período da tarde, quando ampliariam a adesão ao movimento.

Aos cantos de “Não tem arrego. Você tira a minha escola e eu tiro seu sossego”, ou ainda “Não vim pra escola pra sair no camburão. Sou estudante, não sou ladrão”, os manifestantes prometem permanecer no local.

Por volta das 13h30, foi lido um manifesto de convocação aos estudantes para se mobilizarem em defesa do ensino público estadual. Uma assembleia no local foi marcada para as 14h.

Helena Nogueira, tia de uma aluna do 3º ano do Fernão Dias, disse que apoiava a luta dos estudantes e que não concorda com a reorganização. Para ela, o remanejamento está sendo feito “de forma tendenciosa”, e tem o intuito de alienar e emburrecer os jovens. “A classe pobre está estudando, e isso assusta as elites”, afirmou.

Angélica Seixas, 16 anos, deixou a escola ocupada antes do fim da assembleia, temendo que a PM cumprisse a ameaça de invadir a escola e retirar os estudantes com violência. “A gente ouviu falar em bomba de efeito moral”.

Do lado de fora, o deputado estadual João Paulo Rilo (PT) pediu diálogo ao governador e disse esperar a situação termine sem acirramentos. “Já basta a violência da reorganização.”

A presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp) Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel, junto com outros diretores do sindicato, está no local.

Ela conseguiu conversar com os policiais militares que cercam o prédio da escola, evitando a prisão de uma adolescente. A PM ameaça a todo o momento invadir o prédio e retirar os estudantes à força.

“O governo de Geraldo Alckmin mostra mais uma vez sua face autoritária. Quer fechar 94 escolas e desestruturar outras 782 unidades. Diante da legítima reação de estudantes, professores, funcionários, pais e demais segmentos da sociedade, envia a polícia militar para intimidar e ameaçar quando deveria dialogar”, diz Bebel.

Outra ocupação de escola ocorre em Diadema.

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