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Sem médicos cubanos, país poderá ter 37 mil mortes de crianças até 2030, diz Opas

Estudo encomendado no ano passado pelo organismo revela melhoria de indicadores de saúde com o Mais Médicos

No Relatório 30 anos de SUS – Que SUS para 2030?, estudo encomendado pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas/OMS) dados preliminares sobre o impacto do Programa Mais Médicos estimam que o País poderá ter 37 mil mortes de crianças menores de cinco anos até 2030 com o fim da atuação de profissionais cubanos. Caso o programa federal fosse extinto, a estimativa atingiria 42 mil mortes a mais de crianças brasileiras com até cinco anos.

O estudo foi encomendado no ano passado pelo organismo, disse o coordenador do Mais Médicos da OPAS, Gabriel Vivas, na apresentação do levantamento. Um ano antes do anúncio do fim da cooperação entre Brasil e Cuba.

Partindo da melhoria de indicadores de saúde alcançados na saúde do País desde a implantação do Mais Médicos, em 2013, o relatório indica que no primeiro ano a cobertura da Estratégia Saúde da Família passou de 59,6% para 66,9%. Em 2017, 70% da população tinha acesso ao serviços de Atenção Primária à Saúde.

O Programa Mais Médicos, que chegou a ter mais de 11 mil profissionais cubanos, por meio do convênio entre Brasil e Cuba, contava até 14 de novembro com 8.556 profissionais atuando em áreas de difícil acesso do interior e periferias do País. O número representava 51,21% dos profissionais disponíveis no atendimento da população.

Renato Tasca, integrante da Opas no Brasil, disse que, embora preliminar, a estimativa decorre da atuação dos médicos cubanos em regiões onde a carência na assistência era bastante importante. “Nesses locais, crianças morriam por diarreia, por falta de assistência básica”, completa.

Na comparação dos municípios que não participaram do Mais Médicos com os que receberam médicos em 2013 houve uma redução de 6,3% em internações, 8,2% em 2014 e 15,8% de queda de hospitalização no ano de 2015.

Antes da implementação do programa Mais Médicos, as taxas de internação por condições sensíveis à atenção primária já vinham diminuindo no Brasil – 7,9%, entre 2009 e 2012. No entanto, a queda foi mais acentuada após o programa, 9,1% entre 2012 e 2015.

Ante às evidências científicas, que demonstraram êxito na combinação de programas sociais, como o Bolsa Família e a Estratégia Saúde da Família, para a redução da pobreza, a melhoria das condições de saúde e a redução das desigualdades em saúde, a Opas recomenda o fortalecimento de programas sociais e o Mais Médicos.

Outra recomendação feita no relatório é um investimento público em saúde de, no mínimo, 6% do Produto Interno Bruto (PIB) do país para que se possa alcançar o acesso universal à saúde. “Esse consenso foi firmado no 53º Conselho Diretor da OPAS, em 2014, quando países das Américas concordaram ser necessário aumentar a eficiência e o financiamento público em saúde, tomando em conta que na maioria dos casos um gasto público de 6% do PIB é uma referência útil”, destaca um dos trechos do relatório.

Canadá, Costa Rica e Uruguai já investem mais de 6% de seu PIB nessa área. Já o gasto público em saúde do Brasil é de 3,8% do PIB.

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