Para metroviários, governo está apenas tentando desviar o assunto para fugir dos problemas da frota K, recorrentes no sistema desde 2011. Hoje, Jurandir Fernandes se valeu de ironia ao comentar falhas
São Paulo – Irritado com a reação do governo do estado, que colocou a culpa pelo caos de ontem na Linha 3-Vermelha do Metrô à ação de vândalos, o presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Altino de Melo Prazeres Júnior, convidou hoje (5) o secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, para um debate público sobre os problemas do sistema.
“Queremos fazer debate com o secretário para discutir o problema a fundo, inclusive com a população, engenheiros, especialistas, parlamentares, com quem quiser participar”, propôs Altino, sem muita convicção de que Jurandir Fernandes aceitará o convite. “O episódio de ontem voltará a ocorrer. Queremos solucionar o problema de uma vez por todas para oferecer segurança aos trabalhadores e funcionários.”
O sindicalista rechaçou as acusações do secretário, para quem a entidade padece de “fobia” em relação à frota K do Metrô, recordista em panes. “O sindicato tem uma fobia contra essa Série K. Alguma coisa precisa ser explicada talvez até no campo da psicologia”, alfinetou Jurandir Fernandes. “O que me causa mais espanto é que o metroviário representado por esse sindicato, ao invés de colaborar, quer jogar a população contra a própria instituição de 40 anos.”
“Como é que ele pode culpar a população por um problema nos trens? Quem está com problema psicológico, talvez psiquiátrico, não é o sindicato, é o secretário de Transportes Metropolitanos. Deveria começar um tratamento forte”, rebateu Altino, condenando ainda as insinuações de que os sindicalistas estão atentando contra o Metrô. “Pelo contrário. O trabalho que os metroviários fizeram ontem amenizou o tumulto. Graças aos funcionários, e não graças ao secretário.”
Altino tampouco aceita as afirmações do governador Geraldo Alckmin, que, em coro com Jurandir Fernandes, sugeriu que o Metrô sofreu ontem uma ação orquestrada de sabotadores. “Em sã consciência, eles acham mesmo que as pessoas saíram do trem porque não têm mais o que fazer, porque são vândalos? Em sã consciência estão dizendo isso? E alguém em sã consciência acha que estão corretos?”
Para os metroviários, o governo está apenas tentando desviar o assunto para fugir dos problemas da frota K, recorrentes no sistema desde 2011. Altino explica que as falhas constantes estão relacionadas ao propinoduto. “Os problemas na frota K têm a ver com essa reforma malfeita e a preço de ouro. O secretário de Transportes Metropolitanos deveria responder a isso, e não tentar culpar a população ou agora tentar achar problemas psicológicos no sindicato.”