As psicólogas (os) da Fundação CASA, instituição responsável
pela execução da medida socioeducativa de internação no Estado de SP, estão na
linha de frente do atendimento socioeducativo, isto é, são responsáveis pelos
atendimentos psicológicos dos adolescentes internos em seus 145 centros de
internação. No entanto, nestes tempos de prevenção à doença altamente
contagiosa COVID – 19, provocada pelo coronavírus, o SinPsi vem a público
solicitar providências as graves situações que vem ocorrendo intramuros do
sistema.
Os itens de prevenção à doença não estão sendo
disponibilizados a contento de todas (os): há falta de álcool em gel, sabonetes
líquidos e não há máscaras disponíveis para as psicólogas e aos demais
profissionais, adolescentes e familiares, quando for o caso de uso. As psicólogas
estão custeando com parte de sua renda mensal esses insumos e as encontrando
para venda com muita dificuldade nas redes de serviço disponíveis à população,
principalmente álcool em gel e máscaras. Ė preciso que se entenda que os centros
de internação já tem instalado sua
insalubridade peculiar, pouca entrada de luz solar (nos centros, conhecidos
como T40, só uma pequena entrada de luz solar na quadra de esportes), os
quartos em forma de celas com banheiros dentro, tornam o ambiente mais úmido
que o normal pois não possuem janelas, apenas uma meia porta de madeira que não
protege o ambiente; as salas destinadas aos atendimentos psicológicos
individuais são poucas e a maioria não tem janelas; as mesas e cadeiras disponíveis
à estes atendimentos são de plástico, bem desconfortáveis aos adolescentes e as
profissionais, existindo apenas um telefone para contatos dos adolescentes com
seus familiares, sendo que o aparelho tem que ser higienizado a todo momento, o
que de certa forma constrange os atendidos; além do que deve estar sendo feita bastante
economia dos materiais de higienização, visto que ninguém sabe informar quando
os poucos itens serão repostos; os gestores (as) em nome da segurança se
recusam a deixar psicólogas fazerem os atendimentos individuais em áreas mais
propicias a luz solar, as outras áreas de uso são todas coletivas e, por mais
que se tente a separação dos meninos (as) para atividades, sempre estarão em
pequenas aglomerações.
Psicólogas e trabalhadores de todos os setores da instituição, junto com os
adolescentes, têm colaborado muito com a limpeza e higienização dos ambientes (custeando
de sua própria renda, itens de limpeza, como água sanitária), visto que a mão
de obra destinada aos serviços de limpeza, são escassas ou inexistem. Porém só
isto não basta, visto que em tempos normais temos muitos casos de adolescentes
com escabiose, pneumonia, asma, bronquite e até tuberculose, além de outras
doenças, todos (as) atendidos pela rede pública de saúde (SUS), que vem fazendo
um esforço imenso de enfrentamento ao COVID 19.
Salientamos que se não forem tomadas as prevenções necessárias
e eficazes, o COVID-19 logo estará nos pátios da Fundação CASA, acometendo
adolescentes e servidores (as). É imprescindível que os órgãos de classe atuem
junto a instituição, orientando a “ordem” de atendimentos grupais aos
adolescentes que estão criando mais aglomerações dentro de um espaço já tão
insalubre a saúde humana. O eficaz revezamento das psicólogas dos centros, não
poderão sobrepor mais carga de perigo a ninguém. Desta forma, não acatar o que
seria um despautério junto as recomendações da Organização Mundial de
Saúde/OMS, ciência, infectologistas e especialistas da área, pedimos que a
instituição reveja essa orientação, bem como solicitamos que as psicólogas/psicoterapeutas
das 18 regionais das Unidades de Atendimento ao Adolescente UAISA, também
possam participar do revezamento.
Psicólogas e equipes de referência da constituição, solicitam que o Departamento de Execução da Infância e Juventude/DEIJ, seja complacente com os relatórios encaminhados para subsídios dos magistrados. Diante destas queixas e solicitações, o SinPsi se coloca a disposição para maiores esclarecimentos na ajuda na construção de melhores dias para as trabalhadoras psicólogas, adolescentes e familiares na FC.
Maria Helena Machado, psicóloga e dirigente sindical