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O Bozo e o bode

Por Norian Segatto

Todos (ou quase) conhecem a história do bode. Para resumir. Uma família vivia reclamando que havia uma goteira no teto da sala e pedindo para o marido arrumar o telhado antes da nova época de chuvas. Um dia ele aparece na casa com um bode e coloca o bicho na sala. E bode faz o que sabe fazer: começou a comer todos os móveis, defecar e urinar no chão e cheirar feito um bode.

Toda a família gritou contra o bode, mas ele continuava ali fazendo estragos. Em certo dia de chuva, o marido retirou o bode da sala e foi uma alegria e alívio geral, apesar de as goteiras continuarem, mas ninguém na família ligava mais para isso, aliviada que estava por se livrar do bode.

Pois bem, metáfora semelhante acontece neste final de governo lamentável. Após destruir a economia, devastar a Amazônia, liberar quantidades absurdas de venenos apelidados de agrotóxicos, cortar verbas para saúde e educação, precarizar as relações de trabalho criando um exército de subempregados sem qualquer direito, negar vacina para a população causando milhares de mortes, apoiar milícias, aumentar exponencialmente a miséria, a fome, o desemprego e a inflação, promover bolhas de ódio nas redes sociais por meio de gabinetes paralelos, enriquecer familiares, amigos e pastores, se calar diante do extermínio de povos originários… ufa… poderia ficar até outubro enumerando as mazelas desse (des)governo.

Pois bem, novamente, após a destruição do país (talquei, surgiu uma dúzia de novos bilionários, você provavelmente não é um deles), às vésperas da eleição, o governo faz troca-troca com parlamentares aprovando verbas secretas e recebendo uma bolada de dinheiro, que fere a legislação. Mas, oras bolas para a leis quando ela não nos interessa. Esse governo, que não agiu no pior momento da pandemia, criou uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que liberou R$ 41 bilhões para o governo gastar com aquilo que não fez em quatro anos. Uma PEC que válida até o final do ano.

Cabe aguardar para saber se a população, assim como a família da história, vai cair no conto do bode, ou vai arregaçar as mangas e mandar bode e marido irem pastar em outra freguesia.

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