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Audiência pública debate financiamento para CAPs

16abr2025 Por Norian Segatto (texto e fotos)

Por iniciativa do deputado Carlos Giannazi (Psol), a Assembleia Legislativa de São Paulo promoveu no dia 14abr uma audiência pública para debater os problemas enfrentados por usuários dos CAPs (Centros de Atenção Psicossocial) no estado.

A primeira constatação é o baixo número de CAPs existentes no país, apenas 3019 segundo dados de dezembro de 2024; desses 103 estão localizados na cidade de São Paulo, dos quais 33 são na modalidade AD (Álcool e Drogas), número considerado insuficiente para atender à demanda de uma cidade com 11 milhões de habitantes. No Estado de São Paulo, segundo dados da Secretaria de Saúde, são 268 CAPs, 39 deles AD.

Expressiva participação de usuários e funcionários dos CAPs

Precarização dos serviços

Além da quantidade insuficiente para atender a população, usuários e funcionários denunciaram a precarização cada vez maior dos serviços, situação que vem se agravando ao longo dos anos. Falta de médicos, psicólogas, enfermeiras e cortes de verbas colocam em risco todo o serviço.

Esse desmonte começou a se intensificar a partir de 2018, quando o governo golpista de Michel Temer cortou R$ 77,8 milhões destinados ao serviço em todo o país. Em 2017, o orçamento federal destinado para a política de drogas foi de R$ 1,8 bilhão, valor reduzido para R$ 476 milhões no primeiro ano do governo Bolsonaro. Vale lembrar que esses valores não se referem apenas aos CAPs AD, mas a todo o sistema.

Cartazes espalhados pelo plenário denunciam a precarização dos serviços

Críticas a Ricardo Nunes e Tarcísio

SinPsi foi representado pelas diretoras Andrea e Priscila

Durante a audiência na Alesp as políticas dos atuais prefeito e governador foram duramente criticadas, cartazes espalhados pelo auditório Tiradentes da Alesp denunciavam a privatização dos serviços, cortes de verbas e precárias condições de trabalho para funcionários. “Infelizmente, aqui no Estado de São Paulo há pouco investimento, na verdade temos um processo de terceirização do Sistema Único de Saúde e que afeta também a saúde mental”, afirmou o deputado Giannazi na abertura dos trabalhos. Além do parlamentar, participaram da mesa a deputada federal Luciane Cavalcante e do vereador Celso Giannazi (ambos do Psol) que se comprometeram em encaminhar as reivindicações também nas esferas federal e municipal.

Usuários e funcionários do CAPs Itapeva comemoraram 38 anos do equipamento com um desfile improvisado no corredor do auditório. Um jogral e apresentações musicais marcaram, com espírito descontraído, a força e criatividade do movimento da saúde mental.

Carta de Manguinhos

Kayky Avraham lê a Carta de Manguinhos

Em suas falas, os usuários apresentaram diversas reivindicações, em especial ao atendimento a moradores de rua, que enfrentam problemas de toda a espécie, a começar pela violência policial. Questionaram também demora em atendimentos, como a concessão de carteira para transporte público e falta de incentivo e programas culturais (como o Proac) para coletivos de saúde mental.

Audiência também foi palco de apresentações culturais dos usuários

O produtor cultural e usuário do sistema, Kayky Avraham leu a Carta de Manguinhos, documento produzido no final do ano passado durante um seminário nacional ocorrido na Fiocruz, no Rio de Janeiro, que discutiu os avanços e desafios da reforma psiquiátrica e saúde mental após 11 anos do Consenso de Brasília – evento que reuniu representantes de países da América do Sul, Central e Caribe. Na sequência foi apresentado um documentário Vozes Altivas sobre o seminário.

Ao final da audiência, o deputado Giannazi considerou o evento como “histórico” para a Alesp, que abriu as portas para usuários da saúde mental e voltou a reafirmar a necessidade de mais investimentos e fim das privatizações do SUS.  

Clique aqui para acessar a íntegra da audiência, que foi transmitida pela TV Alesp.

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