Priscila Takatsu – Diretora do SinPsi
Pensando em como a população LGBT+ tem passado nesses tempos de pandemia, algumas pesquisas realizadas pela UFMG e Unicamp apontam que população LGBT está mais vulnerável ao desemprego e à depressão por causa da pandemia e nós do SinPsi estamos atentos a esses dados.
Problemas no convívio familiar foram citados como maior dificuldade durante o isolamento social por 10% dos entrevistados, reafirmando que o impacto negativo do isolamento social em decorrência da pandemia do novo coronavírus é maior entre a população LGBT+
A comunidade LGBT+ não tem oportunidades de emprego e educação, dizem ativistas e, diante desta ausência de direitos, cerca de 90% dos travestis e transexuais acabam sobrevivendo da prostituição.
Nossa sociedade cruza os braços para esta realidade enquanto reclama da presença dest@s trabalhador@s nas esquinas. O conservadorismo é a casca grossa que envolve, limita e castra projetos sociais e políticas públicas que visam proporcionar dignidade, liberdade, saúde e todas as garantias promulgadas no artigo 5º da nossa Constituição Federal.
É verdade que demos um passo em direção ao respeito dessa população, um passo curto e tímido que abriu espaço, em instituições educacionais, para falar sobre transsexualidade, identidades não binárias e não adequadas a cisnormatividade impulsionados por importantes teorias pós-modernas e figuras como Foucault, Judith Butler, Berenice Bento, entre outras.
Ainda assim, estamos muito longe do ideal pois, o Brasil lidera ranking mundial de assassinatos de transexuais. Segundo ONG européia, em nenhuma outra nação há tantos registros de homicídios de pessoas transgêner@s. Para a Secretaria de Políticas Sociais da CUT-SP, estes dados só reforçam o descaso e a falta de compromisso do país no combate aos crimes envolvendo gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais.
Desde a emergência do movimento LGBT, a violação de direitos humanos e sociais, a invisibilidade nas políticas públicas e a intolerância vivenciada nas relações sociais impõem a necessidade da efetivação do Estado laico, já garantido constitucionalmente no Brasil. Exigimos que o Estado assuma o compromisso de equiparar os direitos entre heterossexuais e homossexuais. Assim, no ano de 2004 o Governo Federal através da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH), no âmbito do Programa Direitos Humanos, Direitos de todos, propõe o Programa Brasil Sem Homofobia (BSH). Com o objetivo de promover a cidadania LGBT+, a partir da equiparação de direitos e do combate à violência e à discriminação homofóbicas, respeitando a especificidade de cada um desses grupos populacionais.
Precisamos ressaltar que à nossa categoria é imperativo seguir a Resolução nº 01/1999 que postula sobre o comportamento ético d@ psicólog@ frente ao tema. O artigo 2º determina que: “os psicólogos deverão contribuir, com seu conhecimento, para uma reflexão sobre o preconceito e o desaparecimento de discriminações e estigmatizações contra aqueles que apresentam comportamentos ou práticas homoeróticas”, ou seja, é nosso dever profissional atuar contrariamente aos posicionamentos preconceituosos. Reforçamos que o segundo princípio fundamental do código de ética profissional da nossa categoria reza que: “o psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação¹ , exploração, violência, crueldade e opressão”
O Sinpsi abre os braços para às políticas públicas para a população LGBTQI+, na luta por maiores condições de trabalho formal e por uma sociedade menos homo e transfóbica.
¹ – Grifo nosso