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Feminicídio: quatro mulheres vão morrer hoje

Por Norian Segatto

Enquanto você enfrenta um dia normal, acordando cedo, tomando café da manhã, cuidando dos filhos (se for mãe), se preparando para trabalhar, presencialmente ou em casa, pensando nas tarefas que terá de dar conta ao longo do dia, quatro mulheres serão assassinadas, muito possivelmente por seus maridos ou ex-companheiros. Alguma dessas pode ser sua vizinha, sua conhecida ou parente.

Essa cena de filme de terror é a realidade que o Brasil convive há muitos anos e que foi agravada pela pandemia e pelo discurso de ódio promovido por parte da sociedade, a começar pelo presidente da República e seus numerários descendentes.

Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) dão conta de que ao menos 648 mulheres foram assassinadas no Brasil no primeiro semestre de 2020, pelo único fato de serem mulheres. O número é 1,9% maior do que o registrado no primeiro semestre de 2019, ano que terminou com o macabro número de 1314 vítimas de feminicídio. Esse índice é 43% maior do que registrado cinco anos antes. Os motivos podem estar relacionados tanto ao aprimoramento das notificações, como ao aumento da violência conta a mulher nos últimos anos.

Esses números representam 108 mulheres mortas por mês, uma média de 4 por dia, uma a cada seis horas.

Os dados do FBSP integram o 14º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Para a diretora-executiva do Fórum, Samira Bueno, a pandemia acentuou a violência doméstica na medida em que as mulheres que viviam em fragilidade passaram a ficar mais tempo com seus agressores, seja por passarem a trabalhar remotamente ou por terem perdido seus trabalhos.

Na comparação entre 2019 e 2020, houve queda em notificações de lesão corporal dolosa (de 122,9 mil para 110,8 mil), ameaças (de 282,9 mil para 238,1 mil), estupros (de 9,6 mil para 7,4 mil) e estupros de vulneráveis (de 18,9 mil para 14,7 mil). Essa queda se explica, segundo análise do FBSP, ao fato de as vítimas não comparecerem à delegacia para prestar queixa durante o período de isolamento.

Do total de assassinatos em 2019, 67% eram de mulheres negras, e 89,9% foram mortas por atuais ou ex-companheiros.

8 de março e o feminicídio

A morte de mulheres por razão de gênero, é um sintoma de uma sociedade doente e com vertente fascista.

Ao homenagear o Dia Internacional da Mulher, a diretoria do SinPsi alerta contra essa chaga e conclama a toda a sociedade, mulheres e homens conscientes de sua civilidade, a combaterem e denunciarem qualquer violência contra mulheres. “A impunidade é a porta de entrada do feminicídio”, afirma a presidente do SinPsi, Fernanda Magano.  

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